IX Feira do Mel do Alto Minho: Apicultura, Floresta e Incêndios em debate
Depois de mais um verão marcado pelo flagelo dos incêndios florestais, a APIMIL – Associação dos Apicultores do Entre Minho e Lima, com o apoio do Município de Vila Nova de Cerveira, desafiou um vasto conjunto de entidades locais, regionais e nacionais para uma abordagem “sem tabus” em torno desta problemática, o impacto e, acima de tudo, encontrar sinergias “concretas e reais” para a sua mitigação. A IX Feira do Mel do Alto Minho decorre de 04 a 06 de novembro, no Fórum Cultural de Cerveira.
São cerca de 20 as entidades e associações que vão marcar presença, durante três dias, em Vila Nova de Cerveira, para partilhar experiências e dar um contributo muito específico. Mais do que uma mera mostra e venda de produtos, a IX Feira do Mel do Alto Minho procura envolver a região e criar compromissos em prol da sustentabilidade ambiental, bem-estar e segurança das populações, daí uma aposta mais incisiva na vertente de debate público.
“Ao longo dos anos, este evento tem confirmado que é no coletivo que reside a mais-valia dos trabalhos esta edição marca uma mudança de paradigma no sentido de procurar posições concertadas e concretizá-las, não ficando apenas no papel. Queremos passar do planeamento à ação, onde efetivamente precisamos de mais entidades para tornarmos este Alto Minho um ponto de referência, quer a nível de paisagem e floresta, quer na melhoria da qualidade de vida dos que residem e dos que nos visitam”, assegura o presidente da APIMIL, Alberto Dias.
O edil cerveirense, Fernando Nogueira, refere que “o impacto dos incêndios florestais é muito abrangente, e no caso da apicultura não é exceção. Tem-se realizado um intenso trabalho de promoção e valorização destes produtos no mercado que, com o cenário dos fogos, pode vir a perder-se, nomeadamente o produto e a sustentabilidade da atividade. Há que reagir de forma definitiva e este certame, com uma versão direcionada para o debate, apresenta-se como um grande contributo ao reunir tantas entidades por um objetivo comum”.
O debate está dividido por subtemas, sendo que o primeiro dia, 04 de novembro, o período da tarde está reservado à apresentação de trabalhos e estudos de investigação associados à valorização florestal e defesa contra incêndios por entidades como a CIM Alto Minho, o ICNF, Associação para a Certificação Florestal do Minho-Lima, IPVC e Bombeiros Municipais de Viana do Castelo.
No sábado, 05 de novembro, o programa está mais vocacionado para a reflexão apícola, nomeadamente com a apresentação dos apoios futuros com representantes da DRAP-Norte, também expor a evolução apícola e valorização dos produtos com intervenções da DARN, GPP e ASAE, e ainda a dinamização de workshops relacionados com a produção apícola e suas variantes, com moderação do presidente da Comissão de Agricultura e Pescas, Eng.º Joaquim Barreto.
O terceiro e último dia, domingo 06 de novembro, apresenta uma manhã política e associativa com duas mesas redondas complementares. Numa primeira fase, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira, o presidente da CIM Alto Minho, José Manuel Costa, o eurodeputado José Manuel Fernandes, o Coordenador da Proteção Civil Norte, Tenente Coronel Paulo Esteves, e um representante da Xunta da Galicia apontam uma visão e estratégia política florestal. Segue-se uma segunda etapa, onde três associações – Comvida, Unidade Local de Covas e Baldios de Riba de âncora – e a UTAD vão dar a conhecer projetos pioneiros ao nível da preservação florestal e da prevenção de incêndios para que possam servir de exemplos.
O drama dos incêndios tem sido uma constante preocupação da APIMIL, e esta IX Feira do Mel do Alto Minho, assente nos conceitos “reflexão e ação”, reforça essa posição. Dados da CIM Alto Minho, referentes a agosto passado, indicam que a área ardida total na região foi de 25.633 hectares, correspondente a 12% do território do Alto Minho, sendo que espaço florestal afetado foi de 17%.