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Cerveira e Tomiño analisaram barreiras arquitetónicas e intelectuais nos municípios

2017/09/04

“A ideia de acessibilidade deve ser transversal, na qual se trabalha desde todas as áreas da sociedade, de forma conjunta”. Esta foi uma das várias conclusões realçadas pelos experts convidados das “Jornadas de Atendimento para Tod@s", realizadas hoje em Tomiño, no âmbito do "Acessibilidade Sem Fronteiras", projeto vencedor do Orçamento Participativo Transfronteiriço (OPT) 2017 Cerveira/Tomiño.

Apresentada pelos autarcas de Cerveira e de Tomiño, Fernando Nogueira e Sandra González, a primeira das conferências, "Acessibilidade Universal; acessibilidade para todas as pessoas", teve como objetivo proporcionar a reflexão e o debate em torno da accesibilidade, estando a cargo de Jacinto Lareo, professor da Universidade de Vigo e presidente da Fundación Sálvora, e de Maria José Santos, mestre de educação especial.

Os intervenientes asseguraram que estas ações transfronteiriças, pioneiras em Espanha e Portugal, implicam um trabalho conjunto do setor público e privado, sejam as administrações, as universidades, o urbanismo e as pessoas com e sem incapacidade. Recomendaram vontade e sentido comum para ir fazendo pequenos avanços, nem sempre com custos a nível económico. “Deveríamos pensar na accesibilidade num conceito normal; prevenir, e não ter que atuar só quando surge um problema” sublinhou María José Santos. Além do mais, referiu-se a importância de avançar na “leitura rápida”, criando materiais adaptados para crianças e pessoas adultas, nomeadamente pictogramas que permitam uma interpretação mais rápida e fácil de lugares e serviços; redes de trabalho, etc. Por usa vez, Jacinto Lareo distinguiu entre espaços adaptados, praticáveis e convertíveis.

A segunda e última conferência esteve a cargo da reconhecida engenheira lusa especializada em urbanismo e accesibilidade, Paula Teles, autora do livro "Cidades sem Fronteiras, Cidades sem Barreiras - Como Desenhar Territórios Acessíveis", um trabalho no qual aborda o tema da Rede de Cidades e Vilas de Excelência. A expert salientou a importância de trabalhar interdisciplinarmente num tema tão importante como a accesibilidade. “Temos que trabalhar para criar cidades para pessoas diferentes; já que todos temos direito a viver com dignidade e liberdade; por isso os profissionais que desenham hoje edifícios e espaços públicos, têm uma grande responsabilidade”, assinalou.

Teles comentou que Portugal estava, em termos gerais, mais atrasado que Espanha mas, nos últimos 20 anos, trabalhou-se intensamente, de modo que na atualidade o Estado dedica mais de 17 milhões de euros só para o estudo e a investigação sobre o tema. Referiu-se também ao “Programa Rampa”, no que estão integrados 120 dos 308 municípios portugueses.

Seguidamente decorreram dois workshops: "Deficiência Visual e Atenção" e "Ponte no meu Lugar", com a colaboração de várias associações de pessoas com incapacidade, que incluiu um passeio em cadeiras de rodas pelas ruas do centro de Tomiño, e no qual participaram pessoas com e sem incapacidade.

O programa encerra amanhã, 5 de setembro, com uma atividade desportiva inclusiva de Remo e Slalom, no Club de Remo de Vila Nova de Cerveira, às 10h00 (hora portuguesa).